Festa em família
Rita Lee está de volta a Ribeirão Preto. Depois do sucesso no festival João Rock de 2006 e de ter cancelado uma apresentação ano passado na cidade, a eterna Rainha do Rock sobe pela primeira vez no palco do Theatro Pedro II e com a casa cheia.
Avó com 61 anos de idade e 40 de profissão, a ruiva apresenta as músicas do CD e DVD “PicNic” que, na verdade, é um apanhado dos sucessos de uma carreira turbulenta e vitoriosa. Mas em entrevista, Rita rebate as críticas de que o produto é “mais do mesmo”. “Não seria uma “modernidade” que tanto pode render grana como boas surpresas?”, pergunta em entrevista por e-mail.
A artista conta que o nome da turnê remete ao período da infância em que a família passava os domingos na floresta do Ibirapuera, na capital. Uma época em que o local ainda não era um parque e tinha “bichos selvagens e árvores centenárias”.
A Cidade - Rita, o palco é o seu calvário, seu divã ou o seu nirvana?
Rita Lee - Sem dúvida, o palco é meu nirvana. Mas antes de entrar nele tudo é um calvário: pegar avião, dormir em hotel, comer comida que não sei quem preparou, etc.
A Cidade - Hoje, artistas que mal gravaram o disco de estreia, já estão lançando um DVD e CDs ao vivo. Você acredita que isso ocorre porque são produtos mais rentáveis ou têm seu valor artístico?
Rita - Não seria uma “modernidade” que tanto pode render grana como boas surpresas?
A Cidade – O nome de sua turnê “PicNic” dá a impressão de que este projeto é uma grande festa em família. É isso mesmo?
Rita - Quando eu era criança meus pais levavam aos domingos as três filhas na floresta do Ibirapuera para um piquenique. Ainda não era parque, tudo lá era virgem, com bichos selvagens e árvores centenárias. Na hora que a fome batia a cesta se abria e rolava um monte de comidas gostosas. Era o auge da farra. Pensando nessa cena imaginei uma cesta cheia de guloseimas musicais e batizei a turnê em homenagem a esse filme de infância.
A Cidade – O rock é o tipo de música que ainda te emociona?
Rita - Sim, entre outras tantas.
A Cidade – Você é uma saudosista ou está sempre conectada com a nova geração?
Rita - Não sou saudosista nem conectada com a nova geração. Danço conforme a música.
A Cidade – Um de seus filhos é DJ. Você gosta de música eletrônica?
Rita – Muuuito... Aliás, Juca meu filho diz que Ribeirão Preto é um dos lugares mais animados em que ele já tocou.
A Cidade – Você acha que os CDs vão realmente desaparecer da face da Terra? Acredita que o download gratuito prejudica o artista?
Rita - Os CDs já fazem parte do museu assim como o vinil, mas sempre terão lugar no coração de alguns. Faço pirataria e acho normal fazerem o mesmo com minhas músicas, não me sinto prejudicada.
A Cidade – Um dos encontros mais surpreendentes da MPB foi entre Rita Lee e João Gilberto cantando “Jou Jou Balangandans”. Existe alguma possibilidade de vocês cantarem juntos novamente?
Rita - Da minha parte estarei sempre de portas e janelas abertas para o mestre.
A Cidade - Qual desses ídolos você acha que envelheceu com dignidade: Paul McCartney, Mick Jagger ou David Bowie?
Rita - Os três, só por terem sobrevivido aos dilúvios que um roqueiro passa já merecem nossos respeitos.
A Cidade – Qual o disco seu no qual mais se orgulha de ter gravado?
Rita - Não sei, tenho lua em virgem e minha autocrítica é terrível.
Régis Martins
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