domingo, 15 de agosto de 2010

Pobre Lady Gaga - por Rita Lee.

Toda geração tem uma platinum-blond-bad-girl favorita.


Jean Harlow, Mae West, Marilyn Monroe, Madonna e agora Stefani Joanne Angelina Germanotta.


Sobrenome de família mafiosa, dessas que dominam o jogo clandestino em NY! Olhando algumas fotos dela, pensei comigo: lá vem mais uma loirinha ousadinha. Eis que depois de ler o livro “Lady Gaga, a revolução do pop”, de Emily Herbert… continuo pensando o mesmo. Ou a autora tem 13 anos de idade ou é uma jornalista shperta a fim de faturar. Sequer entrevistou Gaga, apenas deu-se ao trabalho de pinçar trechos das matérias de outros jornalistas acrescentando suas próprias viagens na maionese. Todo entrevistado mente pra caramba, eu mesma não me deixo mentir. Emily Herbert, porém, acredita e credita a Gaga todas as contravenções femininas do tipo “nunca antes neste país”. Segundo ela, as comparações de Gaga com Madonna são meramente coincidências. Sutiã em cone, meias arrastão rasgadas, cabelo loiríssimo e lábios vermelho-rubi, lingeries provocativas, letras sacanas, performances burlescas, homossexualidade, figurinos chocantes, tudo isso só existiu a partir de sua biografada.

La Germanotta é uma blond Wall Street. Nunca passou fome, não vendeu o corpo para sobreviver, foi aluna do Convento do Sagrado Coração, estudou no mesmo colégio de Paris Hilton, tem um guarda-roupa só de grifes famosas, fez curso de piano clássico, teatro, dança, canto, ou seja, a mais completa tradução da filhinha artista de papai e mamãe. Nada contra, sorte dela, aliás. Que Gaga é antenada é, mas daí a dizer que a menina vai durar on top of the world por 25 anos é um tanto alucinógico. Pobre Lady Gaga, com o livro de Emily Herbert ela não precisa de inimigos.


Texto de Rita Lee escrito para reportagem do jornal O Globo, publicado em 08/08/2010



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