quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Rita Lee: Intimidade é com ela mesma.

Com repertório de sucessos e falando sobre eleições e telenovela, Rita Lee mais uma vez ganha o público pernambucano
Luiza Maia // Especial para o Diario


Entre caras, bocas, trejeitos e pequenas "coreografias", Rita Lee esboçou passos de frevo. Pela tesoura mal marcada, bem se viu que era uma paulista que dançava em cima do palco, mas foi nesse clima que ela agradou (e muito) o público do Teatro Guararapes com o show Etc..., na última sexta-feira. Foi preciso um show em teatro para perceber o quão dançante é a música de Rita Lee. Ao fundo, era possível ver que todos na plateia balançavam no ritmo da música, como se quisessem estar de pé.



Foto: Luciana
Dantas/Divulgação


No show em que prestou uma homenagem a Michael Jackson, Rita entrou em palco com chapéu, calças compridas e blazer, imitando alguns passos do pop star, cujos dons artísticos, Rita sempre afirmou que admirava. A performance estava meio desengonçada, mas ninguém se preocupava com isso. Nem ela mesma. Todo o aparato tecnológico, com exibição de vídeos e imagens, iluminação marcante e efeitos especiais, lembrava as superproduções do ídolo, com direito à participaçãodo cover de Michael, Nikki Goulart, recrutado na plateia de um show em Florianópolis para a turnê deste Etc.# E anunciado como "ressurgido das cinzas".

Completamente livre no palco, a rainha do rock, aos 65 anos, passeou de um lado para o outro, parecia mais moleca que nunca. E estava afiada como sempre. Logo no "boa noite", mandou um recado para a administração do teatro: "É lindo o teatro. Faz 15 anos que a gente não toca aqui, mas tá caindo aos pedaços", disparou, citando as goteiras e fungos no camarim. Temas obrigatórios em seu twitter (que ocupa horas de seu dia), eleições e novelas não poderiam faltar. "Vocês estão assanhadinhos com as eleições?", perguntou. Entre aplausos calorosos dos fãs, que a admiram tanto pelas músicas quanto pela irreverência, defendeu que hoje vivemos a "ditadura da putaria". "Ah, 'cê' vota nulo? Eu também", respondeu a um dos muitos que gritavam frases soltas na plateia. Com fina ironia, teorizou que novela faz parte do público brasileiro e debandou a comentar os últimos acontecimentos da novela Passione, enquanto lamentava que dia de domingo não tem novela. "Amanhã é sábado? Então tem novela. Yes! Yes", brincou. Mais uma vez, delírio do público.

Em todas as músicas, a plateia acompanhou em coro os grandes sucessos de sua carreira. Agora só falta você, Amor e sexo, Banho de espuma, Lança perfume, Doce vampiro, Ando meio desligado, Erva venenosa, Mania de você, Ovelha negra (seguida de uma pequena autobiografia, da infância aos áureos 20 e poucos anos). O setlist parecia completo. Rita Lee apresentou a mesma voz, a mesma intimidade com o público, a mesma afinidade com os músicos de qualidade que o acompanham (aliás, não falou a clássica declaração a Roberto de Carvalho, à família e, desta vez, à neta). Sem dúvidas, a ovelha negra ainda vai cantar muito por aí.

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